Em defesa da Juventude

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Autonomia Juvenil

Uma das maiores preocupações atuais se refere ao mundo que será herdado pelos adolescentes e jovens. Há também por parte de muitos o medo da marginalidade que pode advir destes sujeitos que estão sendo privados de seus direitos.

A adolescência é uma fase especial de desenvolvimento da identidade e afirmação da autonomia do indivíduo, vitais para o exercício da cidadania e seus múltiplos direitos. Um período cheio de mudanças, decisões, onde o jovem está construindo sua identidade, vivendo uma época de profundas mudanças físicas, psicossociais, autonomia, valores. Tempo de descoberta do eu, do seu próprio ser.

Segundo dados do censo (IBGE 2000), dos 169,7 milhões de habitantes no país 34 milhões se enquadram na faixa etária de quinze a vinte e quatro anos, igual a 20% da população. No Brasil, há mais de 21 milhões de adolescentes na faixa etária dos doze aos dezoito anos incompletos. Incluindo os brasileiros entre vinte e cinco e vinte e nove anos (13,8 milhões), também classificados como jovens adultos chega-se a 47,9 milhões de cidadãos (28,2% do total da população).

O olhar da sociedade sobre essa juventude ainda é carregado de mitos e preconceitos. Se não nos despirmos deste modo de olhar pouca mudança será possível. É hora de entender melhor e ouvir o que os próprios jovens querem e pensam sobre seu futuro, para que possamos construir um novo referencial de sociedade.

Para isso necessitamos entrar em seu mundo de sons, imagens, roupas, cheiros, colares, símbolos, gritos, silêncios, para melhor sentir e entender. Adentrar em suas escolas, clubes, danceterias, shows, bandas, viagens, acampamentos. Olhar para a etapa da juventude é como olhar pra nós mesmos. Rever nosso tempo, e com ele refazer as gavetas, arrumar o armário da vida. Identificando o que da nossa adolescência e juventude possibilitou sermos nós mesmos, e que nos deu sentido.

Os adolescentes necessitam vencerem três lutos: "O luto pela perda do corpo infantil, o luto pela perda dos pais da infância, o luto pela perda da identidade infantil" (ABERASTURY. 1981). Esses lutos geram e despertam para uma série de questionamentos do tipo: o que vou ser quando crescer? O que eu gostaria de estudar?

É a partir destes lutos que eles saem da fase de experimentação e entram na fase projetiva. Que profissão seguir? Casar? Ficar? O resultado é o início de uma vida autônoma da pessoa humana. Um despertar para novas descobertas e valores. Tempo de contradições, alegria e participações. Período de desenvolvimento das capacidades individuais e sociais, de participar, decidir, questionar, relacionar, desejo de organizar, ser útil. Este comportamento colabora para que ele se torne adulto com capacidade de abertura para as situações da vida.

Não podemos falar destes sem situá-los dentro do contexto atual de mudança de paradigmas da nossa atual sociedade. Principalmente no que se refere ao trabalho e às revoluções tecnológicas atuais do mundo globalizado e neoliberal. Essas "mudanças se aceleram, se precipitam, se tornam mais perceptíveis na esfera, na experiência de uma mesma geração" (KONDER, 1997, p. 40). A juventude acaba sendo uma presa fácil nesta situação de vulnerabilidade de desemprego, violência, e outras explorações: sexual, política, econômica.

A manutenção do atual sistema econômico neoliberal tem provocado o aumento da pobreza. A política vigente reforça a centralização do poder que gera miséria e desemprego. A idéia de liberdade e livre mercado do Neoliberalismo tem norteado toda produção e gerado uma estagnação da produção nacional. Essa situação se agrava com a falta de uma ampla política de assistência social, a concretização da Reforma Agrária, a não implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável e a falta de uma capacitação adequada para novas exigências do mercado de trabalho.

Os modos e os meios de produção geram sujeitos carentes e sem compreensão de sexualidade e afetividade, que é reforçada pela cultura e pelas relações sociais. A psicologia evolutiva produz cultura, ritmos, espaços e símbolos da industria cultural adultocêntrica. Tornando as pessoas coisas e objetos.